Em um cinema dominado por anti-heróis cínicos, Superman (2025) é um manifesto de esperança. James Gunn apresenta um paradoxo vivo: um deus que sangra no Ártico após uma derrota inédita, símbolo de um mundo que desaprendeu a confiar na nobreza. Clark Kent (David Corenswet) é tão humano quanto alienígena — suas dúvidas são sua verdadeira kriptonita. A trama mergulha o herói em um conflito geopolítico inspirado em tensões contemporâneas, onde Lex Luthor (Nicholas Hoult) semeia ódio contra o “imigrante cósmico”. É Superman como metáfora do refugiado, ecoando origens judaicas do personagem. Apesar de tropeçar em excessos, o filme mantém sua alma: a bondade como ato revolucionário em tempos sombrios.
Elenco: A Humanidade por Trás da Capa

David Corenswet (Superman/Clark Kent): Equilibra força divina e fragilidade terrena como nenhum ator desde Christopher Reeve. Seu Clark é um estrangeiro tentando parecer “pequeno” — e sua cena de debate com Lois sobre “violar fronteiras para salvar vidas” é o coração ético do filme.
Rachel Brosnahan (Lois Lane): Consciência moral da trama**, transformando entrevistas em batalhas ideológicas. Sua química com Corenswet eletriza cada cena, especialmente quando desmonta o mito do “herói infalível”.
Nicholas Hoult (Lex Luthor): Ódio viralizado em forma humana. Mistura a estética de Steve Jobs com a psicologia de um troll de internet bilionário. Sua atuação como supervilão é convincente como no discurso de ódio contra “alienígenas”, mas, ao mesmo tempo exagerada como no “ataque aos tablets”.
Coadjuvantes: Nathan Fillion (Guy Gardner) rouba cenas como um Lanterna Verde narcisista; Anthony Carrigan (Metamorfo) usa sua alopecia para criar camadas emocionais. Isabela Merced (Mulher-Gavião), porém, é relegada a cameo. Destaque para Edi Gathegi que está impecável como Sr. Incrível.
Narrativa e Técnica: Luzes e Sombras

Virtudes
– Tema Ousado: Gunn expõe feridas geopolíticas através do conflito ficcional Borávia-Jarhanphur, questionando intervencionismo sem maniqueísmos.
– Estética de Quadrinhos Vivos: Fotografia que inunda Metrópolis de azuis eletrizantes e vermelhos-sangue — o combate contra um kaiju é puro pop art.
– Krypto, o Supercão: Genial como símbolo de lealdade incondicional (e alívio cômico orgânico).
Defeitos
– Sobrecarga de Heróis: A “Gangue da Justiça” (Mr. Terrific, Mulher-Gavião, etc.) interrompe o fluxo dramático para piadas forçadas.
– Vilão Subutilizado: A ascensão de Luthor ignora sua complexidade psicológica, resolvida com discurso apressado no final.
– Humor Desregulado: Cenas como Luthor destruindo tablets em ataques de birra minam sua credibilidade.
Temas: A Revolução da Bondade

Gunn confronta tradição (valores dos Kents) vs. pós-verdade (ódio digital). Enquanto Luthor manipula algoritmos para demonizar o “outro”, Lois defende nuances no Planeta Diário. O filme pergunta: “Pode um idealista sobreviver em um mundo de cinismo tóxico?” Superman responde com atos — sua capa vermelha é um estandarte contra a apatia.
Um Farol Ético para Nossa Era
Superman (2025) falha como obra perfeita — repete excessos de Gunn e simplifica vilões —, mas triunfa como manifesto cultural. Corenswet devolve ao personagem sua humanidade sagrada: um herói que erra, ama pais adotivos e um cachorro, e insiste em ajudar. Numa era de discórdia, essa franqueza emocional é mais radical que qualquer poder. Gunn prova que esperança não é ingenuidade: é resistência.
Nota do IMDb: 7.5/10
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