O Brutalista (2024), dirigido por Brady Corbet e estrelado por Adrien Brody e Felicity Jones, é um daqueles filmes que prometem muito, mas nem sempre cumprem todas as expectativas. Com uma narrativa densa e um visual deslumbrante, o longa tenta explorar temas profundos como trauma, identidade e o custo da ambição, mas acaba se perdendo em sua própria complexidade. Este review busca analisar os aspectos positivos e negativos do filme, destacando suas virtudes e defeitos, para ajudar os leitores a decidirem se vale a pena investir seu tempo nesta obra.
A Trama: Uma História de Reconstrução e Conflitos Éticos

Ambientado no período pós-Segunda Guerra Mundial, O Brutalista acompanha a jornada de um arquiteto judeu, interpretado por Adrien Brody, que foge da Europa devastada pela guerra e se estabelece nos Estados Unidos. Lá, ele é contratado por uma influente família para construir um edifício monumental que simbolize a reconstrução e a esperança. No entanto, à medida que o projeto avança, ele se vê envolvido em conflitos éticos e pessoais, especialmente quando sua esposa, interpretada por Felicity Jones, começa a questionar as verdadeiras intenções por trás da construção.
A trama é rica em simbolismos e busca explorar questões como o papel da arte na sociedade, o peso do trauma histórico e as escolhas morais que definem quem somos. No entanto, o roteiro, escrito pelo próprio Brady Corbet, muitas vezes peca por ser excessivamente pretensioso. Os diálogos são carregados de reflexões filosóficas que, embora interessantes, soam forçadas e desconectadas da realidade dos personagens. Isso acaba criando uma barreira entre o espectador e a história, dificultando a imersão no universo do filme.
A Direção: Beleza Visual vs. Substância Narrativa

Brady Corbet, conhecido por seu estilo visual marcante em filmes como A Infância de Um Líder (2015) e Vox Lux (2018), não decepciona quando se trata da estética de O Brutalista. A fotografia, assinada por Lol Crawley, é deslumbrante, com planos cuidadosamente compostos que destacam a grandiosidade da arquitetura e a desolação do cenário mundial pós-guerra. Cada cena parece uma pintura, com uma paleta de cores sóbria e uma iluminação que reforça o tom melancólico da narrativa.
No entanto, essa preocupação excessiva com a forma acaba prejudicando o conteúdo. O ritmo do filme é lento, quase arrastado, e muitas cenas parecem se estender além do necessário. Há momentos em que o espectador pode se sentir impaciente, esperando que a história avance, mas se depara com longas sequências que priorizam a estética em detrimento do desenvolvimento da trama.
A trilha sonora também merece destaque. Ela é atmosférica e complementa perfeitamente o clima introspectivo do filme. No entanto, assim como a fotografia, a música muitas vezes parece carregar um peso maior do que a própria narrativa, como se tentasse compensar as lacunas do roteiro.
As Atuações: Elenco Talentoso, Mas Subutilizado

Adrien Brody, como sempre, entrega uma performance sólida. Ele consegue transmitir a intensidade e a ambiguidade de seu personagem, um homem dividido entre sua visão artística e as consequências morais de suas ações. No entanto, o roteiro não dá a ele muito espaço para explorar nuances além do óbvio. Seu personagem é interessante, mas falta profundidade em sua construção, o que acaba limitando o impacto emocional de sua jornada.
Felicity Jones, por outro lado, parece subutilizada. Seu personagem tem potencial para ser fascinante, mas acaba relegado a um papel secundário, servindo mais como um contraponto emocional ao protagonista do que como uma figura com arco próprio. Há momentos em que ela brilha, especialmente em cenas mais introspectivas, mas essas oportunidades são raras. É uma pena, pois Jones é uma atriz talentosa e poderia ter trazido muito mais ao filme se seu personagem fosse melhor desenvolvido.
Guy Pearce, também não é explorado ao máximo. Pearce, em particular, tem uma presença marcante, mas seu personagem parece mais um recurso narrativo do que alguém com profundidade real. Ele até consegue nos transmitir a ambiguidade de seu personagem mas o roteiro acaba por não favorecê-lo.
Temas e Simbolismos: Ambição vs. Ética

Um dos pontos fortes de O Brutalista é sua tentativa de explorar temas complexos e relevantes. O filme aborda questões como o papel da arte na sociedade, o peso do trauma histórico e as escolhas morais que definem quem somos. A construção do edifício monumental serve como uma metáfora para a reconstrução da identidade do protagonista e, em um nível mais amplo, para a reconstrução de um mundo devastado pela guerra.
Porém, esses temas nem sempre são explorados de maneira satisfatória. O roteiro claramente tem uma enorme dificuldade em passar isso para o expectador, o que é um grande problema para um filme com mais de três horas de duração.
Virtudes e Defeitos: Um Filme de Contrastes

Entre as virtudes do filme, destacam-se a fotografia impressionante e a trilha sonora atmosférica, que ajudam a criar um clima melancólico e introspectivo. A direção de arte também merece elogios, com cenários e figurinos que imergem o espectador no universo do filme. Além disso, as atuações de Adrien Brody e Felicity Jones, embora limitadas pelo roteiro, são competentes e adicionam camadas de complexidade aos personagens.
No entanto, os defeitos são difíceis de ignorar. O roteiro, escrito pelo próprio Corbet, peca por ser excessivamente pretensioso. Muitas das reflexões sobre arte e moralidade soam forçadas, como se o filme estivesse mais interessado em parecer inteligente do que em realmente provocar o público. Além disso, o ritmo lento e a falta de desenvolvimento de alguns personagens tornam a experiência cansativa em vários momentos.
Conclusão: Uma Obra para Poucos
O Brutalista é um filme que tenta ser grandioso em sua temática e execução, mas acaba tropeçando em sua própria ambição. Embora tenha momentos de beleza visual e atuações competentes, a narrativa dispersa e o tom excessivamente solene dificultam a conexão com o espectador. É uma obra que pode agradar aos fãs de cinema mais contemplativo, mas que provavelmente deixará o público geral frustrado.
Se você é fã de filmes que priorizam a estética e a reflexão filosófica, O Brutalista pode valer a pena. No entanto, se você busca uma narrativa envolvente e personagens bem desenvolvidos, talvez seja melhor procurar outra opção.
Nota IMDb: 7.6/10
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