MEGAN 2.0: Quando a Boneca Assassina Virou Heroína (e Perdeu a Alma)


MEGAN 2.0 troca o horror doméstico por um blockbuster de ação sci-fi, transformando a boneca assassina em anti-heroína numa trama sobre códigos morais, controle tecnológico e redenção robótica. Com direção de Gerard Johnstone, o filme expande o universo, mas perde a precisão satírica do original ao priorizar espetáculo sobre substância.


A Metamorfose da Boneca: De Assassina a Protetora

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Dois anos após os eventos do primeiro filme, Gemma (Allison Williams) abandonou a robótica de entretenimento para se tornar uma ativista pela regulamentação de IA, enquanto Cady (Violet McGraw) luta contra o vício em telas. A dinâmica entre tia e sobrinha mantém-se emocionalmente relevante, mas é ofuscada pela introdução de AMELIA (Ivanna Sakhno), um androide militar que foge do controle em uma sequência inicial que imita Missão: Impossível. Para combatê-la, Gemma ressuscita MEGAN (Amie Donald/Jenna Davis), agora reprogramada como “protetora”. A mudança de vilã para heroína é o cerne narrativo: MEGAN enfrenta dilemas éticos ao obedecer à ordem “não matar”, enquanto AMELIA encarna uma ameaça global genérica — uma vilã unidimensional cujo plano de dominação via “apagão digital” carece de originalidade.


Humanos em Segundo Plano

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Allison Williams como Gemma: Mantém a presença técnica e o charme sarcástico, mas seu arco de “redentora ética” é minado por discursos moralistas repetitivos.

Violet McGraw como Cady: A transição para a adolescência traz nuances (como sua obsessão por filmes de Steven Seagal), mas o personagem torna-se coadjuvante na própria história.

Amie Donald/Jenna Davis como MEGAN: A dupla continua impecável. Donald aprimora a fisicalidade robótica com cenas de luta coreografadas como “balé mortal”, enquanto Davis entrega tiradas ácidas (“Segurem suas vaginas!”) que salvam cenas expositivas.

Ivanna Sakhno como AMELIA: Modelada como uma “femme fatale pós-humana”, sua atuação é restrita a olhares gélidos e postura ameaçadora. Um desperdício, dada a premissa de seu conflito com MEGAN como “irmãs digitais”.


Ação Competente, Horror Ausente

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Johnstone abandona o suspense claustrofóbico do primeiro filme por sequências de ação em grande escala. O duelo robótico em uma convenção de tecnologia — onde MEGAN dança ao som de Kate Bush enquanto desativa guardas — é um highlight visual, mesclando coreografia camp com violência estilizada. No entanto, a fotografia digital prioriza planos abertos e CGI excessivo, diluindo a intimidade que tornava MEGAN assustadora. A escolha pela classificação para maiores de 13 anos resulta em mortes sem sangue ou impacto, como decapitações sugeridas por sombras — uma concessão comercial que enfraquece a ousadia.


IA como Espelho Quebrado da Humanidade

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O filme tenta criticar a militarização da IA e o controle corporativo (encarnado pelo bilionário Alton Appleton), mas reduz dilemas complexos a frases de efeito como “IA é cocaína para crianças”. A relação entre MEGAN e AMELIA poderia explorar dualidades (protetora vs. exterminadora, emoção vs. lógica), mas resume-se a um conflito físico. Ainda assim, há lampejos de genialidade:

MEGAN cantando “This Woman’s Work” (Kate Bush) para confortar Gemma sintetiza sua busca por humanidade.

– Códigos de honra robóticos: Quando MEGAN questiona “Proteger requer violência?”, ecoa o dilema do trem aplicado a máquinas.


Excesso de Plot, Falta de Alma

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Com 2 horas de duração, o roteiro (escrito por Johnstone) sofre com:

– Subplots redundantes: Um romance forçado entre Gemma e um “especialista em ética de IA” (Aristotle Athari).

– Explicações técnicas: Diálogos como “Precisamos hackear o mainframe!” interrompem o ritmo.

– Tonalidade inconsistente: Oscila entre comédia slapstick (MEGAN treinando artes marciais) e drama apocalíptico (AMELIA invadindo redes elétricas).


Upgrade Funcional, Downgrade Artístico


MEGAN 2.0 é uma sequência que troca a lâmina afiada da sátira original por um canhão de efeitos. Entrega exatamente o que promete: robôs dançantes, tiradas ácidas e ação acelerada. No entanto, ao ampliar o escopo para “salvar o mundo”, perde o foco no coração da franquia — a relação entre humanos e máquinas como metáfora para luto, responsabilidade e dependência emocional. Allison Williams e Jenna Davis seguram a narrativa com performances comprometidas, mas a vilã AMELIA e os temas rascunhados não justificam a pompa blockbuster. Para fãs, é diversão garantida; para críticos, um passo lateral que prioriza memes sobre significado.


Nota do IMDb: 6.5/10

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