Invocação do Mal: O Último Ritual (2025) – O Adeus Melancólico de uma Franquia Outrora Brilhante


Invocação do Mal: O Último Ritual (2025) é um desfecho que, infelizmente, não honra o legado de uma das mais influentes sagas de terror moderno. Dirigido por Michael Chaves, este capítulo final se arrasta em uma narrativa previsível e desprovida da tensão que consagrou a franquia, deixando um gosto amargo de oportunidade perdida e uma sensação de que os Warrens mereciam um adeus mais digno e aterrorizante.


O Crepúsculo dos Warrens: Uma Narrativa Desgastada

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Desde o seu início, a franquia Invocação do Mal cativou o público com sua abordagem inteligente do terror sobrenatural, baseada em casos reais dos demonologistas Ed e Lorraine Warren. Os primeiros filmes, sob a batuta de James Wan, estabeleceram um padrão de excelência, combinando sustos eficazes, uma atmosfera densa e personagens carismáticos. Contudo, O Último Ritual se desvia drasticamente dessa fórmula, entregando uma experiência que beira o tedioso.

A narrativa central, que envolve os Warrens em seu “último e mais aterrorizante caso”, soa mais como um eco distante do que uma ameaça genuína. A trama se desenrola de forma linear e sem grandes surpresas, com o mistério se dissipando rapidamente em favor de uma série de eventos que parecem forçados e sem a organicidade que marcava os capítulos anteriores. O que antes era uma exploração cuidadosa do mal e da fé, aqui se transforma em uma sucessão de clichês do gênero, onde a previsibilidade mina qualquer tentativa de construir suspense. Os momentos de terror, em sua maioria, dependem de jump scares genéricos e excessivamente altos, uma tática barata que contrasta com a construção psicológica e atmosférica que definia a franquia.


Elenco e Atuações: Âncoras em um Mar de Tédio

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Mesmo com as deficiências do roteiro e da direção, o brilho de Patrick Wilson como Ed Warren e Vera Farmiga como Lorraine Warren permanece inegável. A química entre os dois atores é, sem dúvida, o maior trunfo do filme, e é através de suas performances que o público ainda consegue se conectar com a história. Wilson e Farmiga entregam a profundidade e a vulnerabilidade que esperamos de seus personagens, lutando para dar peso emocional a um material que, muitas vezes, não os favorece. Eles são as âncoras que impedem o filme de afundar completamente, e é a melancolia em seus olhos que transmite a verdadeira sensação de um fim de ciclo.

O restante do elenco, embora competente, não consegue se destacar. Mia Tomlinson como Judy Warren, a filha do casal, tem um papel mais proeminente, mas sua personagem é pouco desenvolvida, servindo mais como um catalisador para a angústia dos pais do que como uma figura com agência própria. Ben Hardy como Tony Spera, seu namorado, e Steve Coulter como Padre Gordon cumprem seus papéis sem grande impacto, enquanto os membros da família Smurl – Rebecca Calder como Janet Smurl, Elliot Cowan como Jack Smurl, Beau Gadsdon como Dawn Smurl e Kíla Lord Cassidy como Heather Smurl – são, em grande parte, unidimensionais, vítimas passivas da entidade maligna, sem a complexidade que poderia ter elevado o drama.


Direção e Fotografia: Uma Visão Desfocada

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A direção de Michael Chaves é, talvez, o ponto mais fraco de O Último Ritual. Chaves, que já havia dirigido A Maldição da Chorona e Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio, parece lutar para recapturar a magia dos filmes originais. Sua abordagem carece da inventividade visual e da maestria em criar a tensão que James Wan trouxe para a franquia. Há momentos em que a fotografia tenta emular o estilo gótico e sombrio dos primeiros filmes, mas o resultado é frequentemente genérico, sem a mesma profundidade ou impacto visual. A câmera se move de forma funcional, mas raramente evoca a sensação de pavor iminente ou a claustrofobia que tornaram os filmes anteriores tão eficazes. A paleta de cores é escura e opressiva, mas sem a sutileza que a transformaria em um elemento narrativo, tornando-se apenas um pano de fundo para a falta de inspiração.


Contexto Temático: A Aceitação da Morte e o Fim de um Ciclo

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O Último Ritual tenta explorar temas de mortalidade, legado e a inevitabilidade do fim, tanto para os Warrens quanto para a própria franquia. Há uma clara mensagem subliminar de aceitação da morte, não apenas no sentido físico, mas também no encerramento de um capítulo importante na vida dos protagonistas. Ed e Lorraine, visivelmente mais velhos e cansados, confrontam não apenas uma entidade demoníaca, mas também a própria finitude de sua missão e de suas vidas. A ideia de que até mesmo os maiores defensores da luz devem, eventualmente, enfrentar sua própria escuridão é um conceito poderoso, mas que o filme aborda de forma superficial, sem a profundidade filosófica que poderia ter elevado a narrativa.

O filme flerta com a noção de que o mal é uma força persistente e que a luta contra ele é um ciclo contínuo, mas a execução falha em transmitir a gravidade dessa ideia. Em vez de um clímax que ressoa com a jornada de vida dos Warrens, somos apresentados a uma resolução apressada e anticlimática, que não faz jus ao peso temático que o filme tenta carregar. A mensagem de que a aceitação da morte é um passo para a paz, ou para a continuidade de um legado, se perde em meio a uma trama que não consegue sustentar suas próprias ambições.


Um Adeus Sem Brilho

Invocação do Mal: O Último Ritual é um filme que, apesar de seus esforços para encerrar a saga dos Warrens, falha em entregar um desfecho memorável. A direção de Michael Chaves não consegue replicar a maestria de James Wan, e o roteiro se contenta com sustos fáceis e uma narrativa previsível. A química entre Patrick Wilson e Vera Farmiga é o único elemento que ainda brilha, mas não é suficiente para salvar o filme de sua própria mediocridade. O final, que tenta ser um tributo à jornada dos Warrens e à aceitação da morte como parte da vida, acaba sendo mais um suspiro melancólico do que um grito final de terror. É um adeus sem o impacto que a franquia merecia, um lembrete de que nem todo ritual pode ser bem-sucedido.

Nota IMDb: 6.3/10

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