Capitão América 4: Admirável Mundo Novo chega aos cinemas em um momento crucial para o Universo Cinematográfico da Marvel (MCU). Após anos de especulação e debates, Anthony Mackie finalmente assume o papel principal como Sam Wilson, o novo Capitão América. Dirigido por Julius Onah, o filme tenta equilibrar a grandiosidade esperada de uma produção Marvel com temas mais maduros e reflexivos sobre identidade, poder e responsabilidade. Embora longe de ser um filme espetacular, Admirável Mundo Novo também não merece o nível de crítica negativa que tem recebido de parte do público. É uma obra que, apesar de seus defeitos, oferece momentos genuínos e valoriza a representatividade ao colocar um herói negro no centro da narrativa.
A Jornada de Sam Wilson: Uma Nova Era para o Escudo

Anthony Mackie entrega uma performance sólida como Sam Wilson, agora oficialmente vestindo o manto do Capitão América. Desde que herdou o escudo de Steve Rogers no final de Falcão e o Soldado Invernal, Wilson enfrentou desafios internos e externos para se ajustar à nova identidade. No filme, vemos um herói que ainda está aprendendo a carregar o peso das expectativas de um mundo que muitas vezes questiona sua legitimidade. Mackie consegue transmitir essa luta de forma convincente, equilibrando os momentos de força física com vulnerabilidades emocionais que humanizam o personagem. Há cenas em que ele demonstra liderança e coragem, mas também momentos em que suas dúvidas e medos são expostos, criando um retrato mais complexo do que o típico “herói invencível”.
Infelizmente, o roteiro não dá a profundidade necessária para explorar completamente esses conflitos. Enquanto o filme tenta abordar questões de racismo estrutural e resistência social, algumas dessas subtramas são tratadas de maneira superficial. Isso pode frustrar espectadores que esperavam ver um mergulho mais profundo nas implicações de ter um Capitão América negro em um mundo que ainda luta contra preconceitos. No entanto, é importante destacar que Mackie faz o máximo com o material que recebeu. Ele traz dignidade e autenticidade ao papel, provando que a escolha de um ator negro para interpretar o icônico herói não foi apenas uma decisão política, mas uma oportunidade de expandir as possibilidades narrativas do MCU.
Recentemente, Mackie tem sido alvo de críticas injustas por assumir o papel, com alguns fãs questionando sua capacidade de “substituir” Steve Rogers. Esses comentários, infelizmente, muitas vezes têm raízes racistas, ignorando o fato de que Sam Wilson sempre foi apresentado como um herói à altura do legado de Capitão América nos quadrinhos. O que Mackie faz aqui é honrar esse legado enquanto cria algo novo. Sua interpretação não tenta imitar Chris Evans, mas sim construir um Capitão América que reflete os valores modernos e as lutas contemporâneas.
Harrison Ford: Um Adversário Formidável

Um dos grandes destaques do filme é a presença de Harrison Ford como General Thaddeus “Thunderbolt” Ross, agora Presidente dos Estados Unidos. Ford, veterano do cinema com papéis memoráveis como Indiana Jones e Han Solo, traz toda a sua experiência para dar gravidade ao personagem. Sua atuação é imponente e muitas vezes rouba a cena, especialmente em diálogos tensos na Casa Branca, onde ele confronta diretamente Sam Wilson. A dinâmica entre os dois atores é fascinante, com Ford entregando um desempenho que combina autoridade com nuances emocionais. Ele consegue transmitir a dualidade de um homem que deseja proteger seu país, mesmo que isso signifique tomar decisões controversas.
No entanto, o filme poderia ter explorado melhor os motivos de Ross para certas escolhas políticas. Sua motivação parece às vezes simplista, deixando o público com dúvidas sobre os verdadeiros objetivos do personagem. Mesmo assim, Ford eleva cada cena em que aparece, provando que ainda tem muito a oferecer ao cinema mainstream.
Temas Políticos e Sociais: Um Passo à Frente, Mas Não o Suficiente

Um dos aspectos mais interessantes de Admirável Mundo Novo é a maneira como aborda temas relevantes como vigilância tecnológica, corrupção política e a tensão entre liberdade individual e segurança nacional. Esses tópicos são tratados de forma competente, refletindo questões contemporâneas que ecoam no mundo real. Há uma sequência envolvendo um sistema de vigilância global que serve como comentário direto sobre os riscos de confiar demais na tecnologia, gerando momentos de reflexão genuínos.
No entanto, o filme peca ao tentar abraçar muitas ideias sem desenvolvê-las completamente. Algumas reviravoltas são previsíveis demais, o que diminui o impacto emocional que elas poderiam causar. Além disso, enquanto o filme tenta ser uma crítica social, ele ocasionalmente cai na armadilha de simplificar problemas complexos, oferecendo soluções superficiais que podem soar ingênuas para espectadores mais críticos.
Sequências de Ação e Direção Técnica

Do lado técnico, Admirável Mundo Novo impressiona visualmente. As sequências de ação são bem coreografadas e filmadas com dinamismo, oferecendo momentos empolgantes que mantêm o público grudado à cadeira. Uma cena em particular, onde o capitão enfrenta jatos do exército americano, merece destaque pela criatividade e execução técnica. A fotografia caprichada valoriza cenários urbanos e naturais, enquanto a trilha sonora reforça o tom épico da história. Contudo, o ritmo do filme oscila bastante: há partes muito rápidas, enquanto outras parecem arrastadas, comprometendo o engajamento geral.
Julius Onah demonstra habilidade em criar atmosferas tensas e visuais marcantes, mas às vezes sua direção parece excessivamente dependente de efeitos especiais. Alguns momentos que poderiam ser mais minimalistas acabam sendo sobrecarregados por CGI desnecessário, tirando um pouco da autenticidade das cenas.
Elenco Secundário e Personagens Coadjuvantes

No elenco secundário, Shira Haas se destaca como uma personagem intrigante que adiciona camadas ao enredo. Ela consegue transmitir força e vulnerabilidade simultaneamente, tornando-se uma das melhores adições ao MCU. Outros coadjuvantes, no entanto, têm pouco espaço para brilhar, sendo relegados a papéis funcionais que servem apenas para avançar a trama. Carl Lumbly também faz uma breve aparição como Isaiah Bradley, trazendo novamente à tona questões importantes sobre racismo e experimentação humana no contexto do MCU. No entanto, sua participação é curta demais para causar o impacto que poderia ter tido.
O vilão interpretado por Tim Blake Nelson (Samuel Stems) também deixa a desejar. Para um dos seres humanos mais inteligentes do planeta, seu plano é confuso, e muitas vezes simplório demais.
Conclusão e Impacto Geral
Capitão América 4: Admirável Mundo Novo não é um filme perfeito, mas também não merece o nível de ódio que tem recebido de parte do público. É uma obra que tenta expandir os horizontes do gênero de super-heróis, introduzindo discussões pertinentes e apostando em performances sólidas. Anthony Mackie, em particular, merece aplausos por sua interpretação respeitosa e humana de Sam Wilson como Capitão América. Ele prova que a representatividade importa e que heróis podem evoluir com o tempo, refletindo as mudanças sociais e culturais do mundo real.
Embora o filme tenha defeitos claros, como um ritmo irregular e subtramas mal desenvolvidas, ele oferece momentos genuínos e valoriza a diversidade dentro do MCU. Para quem acompanha a jornada de Sam Wilson desde suas primeiras aparições, este é um capítulo importante que merece ser visto com olhos abertos para suas virtudes, mesmo que não seja o clássico que todos esperavam.
Em suma, Capitão América: Admirável Mundo Novo não será lembrado como um marco absoluto no cinema de super-heróis, mas certamente marca um passo importante para o futuro da franquia. Com Anthony Mackie entregando um trabalho consistente e Harrison Ford elevando cada cena em que aparece, vale a pena conferir este capítulo, mesmo que ele não alcance o nível de excelência esperado pelos fãs mais exigentes.
Nota do IMDb: 6.1/10
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