A Mulher no Jardim (2025), dirigido por Jaume Collet-Serra, emerge como um thriller psicológico que transcende os sustos convencionais, mergulhando nas profundezas do luto e da resiliência materna. Protagonizado por Danielle Deadwyler, o filme nos confronta com a história de Ramona, uma mulher que, após uma perda devastadora, se vê assombrada por uma presença sinistra em seu próprio refúgio. Esta análise se propõe a desvendar as camadas desta obra, explorando suas virtudes e fragilidades narrativas, a força de suas atuações e a visão diretorial que orquestra este conto de horror e sobrevivência.
Uma Trama Envolvente com Alguns Tropeços

A narrativa de A Mulher no Jardim se destaca pela sua premissa intrigante e pela forma como constrói a tensão. A história de Ramona, uma mãe recém-viúva lutando para proteger seus filhos de uma entidade misteriosa que assombra seu jardim, é um terreno fértil para o horror psicológico. O filme acerta ao focar no drama familiar e na crescente paranoia da protagonista, criando uma atmosfera de isolamento e medo. A ambiguidade da ameaça – seria ela real ou fruto da mente traumatizada de Ramona? – é um dos pontos altos, mantendo o espectador engajado e questionando a natureza do mal.
No entanto, o roteiro, assinado por Sam Stefanak, apresenta algumas inconsistências que podem frustrar os mais atentos. Certas decisões dos personagens parecem forçadas para servir ao suspense, e algumas subtramas, como a relação de Ramona com seus vizinhos, poderiam ter sido mais exploradas para enriquecer o universo do filme. Apesar disso, a trama central é forte o suficiente para sustentar o interesse, especialmente devido à atuação poderosa de Danielle Deadwyler.
Atuações que Elevam o Suspense

Danielle Deadwyler, no papel de Ramona, entrega uma performance visceral e comovente. Ela consegue transmitir a angústia, a determinação e o desespero de uma mãe que fará de tudo para proteger seus filhos. Sua capacidade de expressar uma gama complexa de emoções com sutileza é fundamental para a credibilidade do filme. Okwui Okpokwasili, como a enigmática mulher do jardim, também merece destaque. Sua presença é perturbadora e imponente, mesmo com poucas falas, ela consegue criar uma aura de mistério e ameaça que permeia todo o filme.
O elenco de apoio, incluindo os atores que interpretam os filhos de Ramona, Peyton Jackson e Estella Kahiha, também entrega performances sólidas, contribuindo para a dinâmica familiar e o impacto emocional da história. A direção de Jaume Collet-Serra é competente em criar uma atmosfera claustrofóbica e opressora, utilizando bem os espaços da casa e do jardim para aumentar a sensação de perigo iminente.
Criando uma Atmosfera de Terror

A direção de Jaume Collet-Serra é um dos pontos fortes do filme. Ele utiliza a câmera de forma inteligente para criar suspense e desconforto. Os ângulos e a movimentação da câmera contribuem para a sensação de que algo está sempre à espreita, aumentando a tensão a cada cena. A fotografia, com seus tons escuros e sombras, complementa a atmosfera sombria e opressora do filme.
A trilha sonora, composta por Lorne Balfe, também desempenha um papel crucial na construção do suspense. Os sons ambientes e a música incidental são utilizados de forma eficaz para acentuar os momentos de tensão e medo. No entanto, em alguns momentos, a trilha sonora pode se tornar um pouco previsível, recorrendo a clichês do gênero de terror.
Temas e Relevância

A Mulher no Jardim explora temas universais como o luto, a maternidade e a luta pela sobrevivência. A protagonista, Ramona, é uma representação da força e da resiliência feminina diante de adversidades extremas. O filme também aborda a questão da saúde mental e do trauma, levantando questões sobre como o luto e o medo podem afetar a percepção da realidade.
Em um contexto mais amplo, o filme pode ser visto como uma metáfora para os medos e ansiedades da vida moderna, onde as ameaças podem surgir de lugares inesperados e a sensação de segurança é constantemente desafiada. A figura da mulher no jardim pode representar tanto uma ameaça externa quanto os demônios internos que cada um de nós enfrenta.
A Mulher no Jardim é um thriller de terror psicológico que se destaca pela atuação impressionante de Danielle Deadwyler e pela direção habilidosa de Jaume Collet-Serra. Apesar de algumas falhas no roteiro, o filme consegue criar uma atmosfera de suspense e tensão que prende o espectador até o final. É uma obra que vai além do susto fácil, explorando temas profundos e relevantes de forma envolvente e perturbadora.
Nota IMDb: 5.1/10
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