Jennifer Kaytin Robinson resgata a franquia EU SEI O QUE VOCÊS FIZERAM NO VERÃO PASSADO dos anos 90 com uma premissa que mescla homenagem e crítica social. Cinco amigos privilegiados (Ava, Danica, Milo, Teddy e Stevie) causam um acidente fatal, encobrem o crime e, um ano depois, são caçados por um assassino de gancho que expõe seus segredos nas redes sociais. A narrativa brilha no ritmo ágil e na atualização temática: o vilão usa plataformas digitais para assediar as vítimas, transformando o “cancelamento” em armadilha mortal. Sequências como o acidente inicial – filmado com luzes de faróis cortando a noite – são visceralmente eficazes.
Porém, a superficialidade psicológica persegue o roteiro. Os novos personagens reproduzem arquétipos dos anos 90 (o atleta arrogante, a influencer narcisista) sem complexidade. A revelação do vilão, dependente de um flashback expositivo, reduz o suspense a uma mera vingança sem nuances.
Elenco em Duas Gerações: Sangue Novo e Lendas Consagradas

Os Sobreviventes: Hewitt e Prinze Jr. Além do Fanservice
Jennifer Love Hewitt como Julie James:
Julie retorna não como “a presa”, mas como uma professora universitária traumatizada, cuja expertise sobre Ben Willis a torna guia dos novos alvos. Hewitt acrescenta camadas de resiliência e culpa residual – especialmente na cena em que confronta Ray sobre seu casamento fracassado, um diálogo carregado de tristeza e química não verbal . Seu conselho aos jovens – “O segredo sempre vaza, e quando vaza, sangra” – ecoa como o tema central do filme.
Freddie Prinze Jr. como Ray Bronson:
Ray é agora um dono de bar cínico, cujo passado heroico esconde uma queda moral. Prinze Jr. entrega sua melhor cena ao confessar a Julie: “Southport nunca nos deixou, nós é que fugimos de Southport”. A direção de Robinson explora a dinâmica real entre os atores (profissional, mas distante) para criar tensão dramática.
A Nova Geração: Química em Meio ao Clichê
Chase Sui Wonders (Ava): A protagonista herda a angústia de Julie, mas Wonders a humaniza com nuances gen-Z.
Sarah Pidgeon (Stevie): A vilã revelada, Pidgeon equilibra vulnerabilidade e fúria. Sua motivação (vingar Sam, amigo da reabilitação) falha em convencer, mas seu duelo final no iate é eletrizante.
Madelyn Cline (Danica): A “rainha cruel” do grupo, Cline cumpre o arquétipo da diva rica com carisma, mas é subutilizada como alívio cômico.
Neon, Sangue e Easter Eggs

Robinson e o diretor de fotografia criam um visual hipermoderno: Paleta cromática simbólica: Azuis eletrônicos (telas de celulares) e vermelhos de sangue contrastam com a estética “falsa paz” de Southport, agora gentrificada.
Easter eggs afiados: A frase “What are you waiting for?!” é repetida por Julie em contexto irônico; o barco “Billy Blue” decora o bar de Ray; e túmulos de Helen Shivers e Barry Cox aparecem em cena cemiterial.
Falhas técnicas: A edição borra mortes potenciais, e excesso de jump scares sonoros substitui tensão genuína.
Privilégio, Trauma e o Preço da Sobrevivência

O filme transcende o slasher ao criticar desigualdades sistêmicas:
– Os novos vilões (Stevie e Ray) são vítimas de um Southport que protege elites – como Grant Spencer (Billy Campbell), o político que encobre o acidente.
– Julie e Ray personificam trauma intergeracional: Suas aparições não são fanservice de EU SEI O QUE VOCÊS FIZERAM NO VERÃO PASSADO original, mas alertas sobre como o passado deforma identidades. Ray, em particular, torna-se anti-herói ao replicar os métodos de Ben Willis.
O Gancho Fisgou o Passado, mas a Rede Rasgou
Eu Sei o Que Vocês Fizeram no Verão Passado (2025) é um soft reboot ambicioso que brilha mais nos veteranos que nos novatos. Robinson acerta ao integrar Hewitt e Prinze Jr. como pilares temáticos, não como nostalgia barata, e na crítica ao privilégio. Chase Sui Wonders e a fotografia elevam o conjunto.
Porém, a inconsistência narrativa (personagens jovens subdesenvolvidos, terceiro ato apressado) e a dependência de clichês (corridas escada acima!) impedem a obra de ser mais que uma homenagem competente. A cena pós-créditos – promete uma sequência que talvez corrija esses erros. Para fãs, é diversão garantida; para o gênero, prova que slashers ainda buscam relevância no século XXI.
Nota IMDb: 6.5/10
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