Há uma alquimia brutal na forma como as artes marciais se transformam em narrativa televisiva. Não se trata apenas de socos, chutes ou espadas reluzentes: é sobre códigos de honra entrelaçados em golpes precisos, histórias de redenção escritas com suor, e coreografias que desenham filosofia em movimento. Nas últimas décadas, séries ressignificaram esse gênero, levando-o do nicho ao mainstream com ousadia. Prepare-se para uma imersão em universos onde cada combate é um manifesto visual.
1. Cobra Kai (2018–2024)

Três décadas após o icônico torneio de Karatê Kid, a rivalidade entre Johnny Lawrence e Daniel LaRusso explode novamente quando Johnny reabre o infame dojo Cobra Kai. A série mescla nostalgia e conflitos geracionais, mostrando como o karatê molda destinos além dos tatames .
Destaque: A evolução coreográfica de Miguel Diaz (Xolo Maridueña), que funde Tang Soo Do e Goju-ryu em sequências como o “corredor do hospital” (T5), tributo a Oldboy.
Nota IMDb: 8.6/10
2. Warrior (2019–2023)

Baseada nos escritos de Bruce Lee, acompanha Ah Sahm, imigrante chinês em São Francisco do século XIX, arrastado para as guerras de gangues de Chinatown. Uma saga sobre identidade cultural e resistência, onde o kung fu é linguagem de sobrevivência.
Destaque: A filosofia do Jeet Kune Do aplicada em lutas: economia de movimento, interceptações precisas e adaptabilidade. O massacre do moinho (T3) é coreografado como poesia épica com Hung Gar e Wing Chun.
Nota IMDb: 8.4/10
3. Into the Badlands (2015–2019)

Num futuro pós-apocalíptico sem armas de fogo, barões controlam territórios através de Clippers — guerreiros letais. Sunny, o melhor deles, protege um jovem com poderes sobrenaturais enquanto busca redenção .
Destaque: Estética wuxia elevada: acrobacias aéreas, combates com foices e bastões, cores vibrantes que remetem a animes. Daniel Wu executa 98% das cenas sem dublês.
Nota IMDb: 8.0
4. Wu Assassins (2019)

Kai Jin, chef em São Francisco, descobre ser o último Wu Assassin, guerreiro destinado a impedir que poderes ancestrais caiam em mãos erradas. Mitologia chinesa e urban fantasy colidem nesta trama eletrizante .
Destaque: Iko Uwais (The Raid) introduz o Pencak Silat indonésio. A luta na cozinha (Ep.1) é aula de ritmo: facas vs. poderes sobrenaturais.
Nota IMDb: 6.8/10
5. Shogun: A Gloriosa Saga do Japão (2024)

No Japão feudal, o navegador inglês John Blackthorne envolve-se na luta pelo poder do daimyo Toranaga, enquanto Lady Mariko, uma samurai enigmática, prova seu valor num mundo dominado por homens.
Destaque: Reconstrução histórica impecável do kenjutsu (esgrima samurai). O duelo no jardim de glicínias (Ep.4) é minimalismo em tensão.
Nota IMDb: 9.1/10
6. Blue Eye Samurai (2023–Presente)

No Japão em Edo (nome antigo da cidade de Tóquio), Mizu — guerreira mestiça de olhos azuis — busca vingança contra estrangeiros que destruíram sua família. Animação adulta que funde chanbara com temas de racismo e gênero.
Destaque: Animação 2D/3D que imita pinceladas de sumi-e. A batalha no castelo de neve (Ep.5) tem 11 minutos sem cortes.
Nota IMDb: 8.7/10
7. Alchemy of Souls (2022–2023)

No reino de Daeho, Jang Uk, nobre problemático, alia-se a Mu Deok, guerreira aprisionada num corpo frágil. Juntos, enfrentam conspirações mágicas enquanto dominam o “Alto Cultivo Espiritual” .
Destaque: Artes marciais fantásticas inspiradas no qigong, com chi transformado em explosões de luz durante combates.
Nota IMDb: 8.9/10
8. Banshee (2013–2016)

Ex-presidiário assume identidade de xerife na cidade de Banshee, Pensilvânia, enquanto foge de seu passado criminoso. Mistura artes marciais, crime e drama com coreografias brutais de Krav Maga e Jiu-Jitsu.
Destaque: Antony Starr (Lucas Hood) em combates cruéis. A sequência no bar (T3) dura 4 minutos sem cortes, integrando quebradeira e facões.
Nota IMDb: 8.4/10
9. Dororo (2019)

Hyakkimaru, jovem mutilado por demônios devido a um pacto de seu pai, viaja para recuperar seu corpo. Ao seu lado, Dororo, órfão ladrão, desvenda segredos sombrios do passado.
Destaque: Lutas influenciadas pelo ninjutsu histórico, com próteses transformadas em armas. A batalha contra o demônio-do-pântano (Ep.7) é coreografia macabra.
Nota IMDb: 8.5/10
10. Naruto (2002–2017)

Naruto Uzumaki, órfão rejeitado, sonha em tornar-se Hokage — líder de sua vila ninja. Jornada épica sobre amizade e perseverança, com batalhas baseadas em ninjutsu e taijutsu.
Destaque: O combate Rock Lee vs. Gaara — taijutsu puro sob chuva, onde velocidade enfrenta defesa absoluta.
Nota IMDb: 8.4/10
Golpes Que Ecoam na Cultura: O Legado Invisível das Artes Marciais na TV
Estas 10 séries transcendem o entretenimento: são espelhos de conflitos sociais. Warrior expõe o racismo contra imigrantes chineses no século XIX , enquanto Blue Eye Samurai questiona hierarquias de gênero no Japão feudal. Até a violência visceral de Banshee reflete dilemas sobre identidade e redenção . Cada soco, cada golpe de espada, carrega códigos ancestrais — do bushido samurai ao dojo kun do karatê — adaptados para falar de resiliência humana.
E como Bruce Lee defendia, não se trata de estilos, mas de expressão: as coreografias de Cobra Kai revitalizaram o karatê para novas gerações, enquanto Into the Badlands reinventou o wuxia para o Ocidente. São provas de que as artes marciais na TV são pontes entre tradição e inovação.
E você? Qual cena de luta te fez gritar “KO!” na frente da TV? Compartilhe nos comentários!