Heart Eyes: Terror à Primeira Vista – Quando o Amor Encontra o Slasher em um Banho de Sangue e Risadas


Em um cenário cinematográfico onde a fusão de gêneros muitas vezes resulta em um amálgama desajeitado, Heart Eyes: Terror à Primeira Vista emerge como uma surpresa agradável e sangrenta. Dirigido com um pulso firme por Josh Ruben, este filme de 2025 não apenas abraça a premissa de um slasher romântico, mas a eleva a um nível de autoconsciência e diversão que poucos conseguem. Prepare-se para uma montanha-russa de emoções, onde o romance floresce em meio a um rastro de corpos e o humor negro pontua cada susto, provando que o amor, de fato, pode ser aterrorizante.


A Dança Macabra entre o Romance e o Horror

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Heart Eyes não se contenta em ser apenas mais um filme de terror com um toque de comédia. Ele se propõe a ser uma comédia romântica com um toque de slasher, e é nessa inversão de prioridades que reside grande parte de seu charme. Josh Ruben, conhecido por sua habilidade em equilibrar o riso e o arrepio, orquestra uma narrativa que é ao mesmo tempo uma homenagem aos clássicos do terror e uma sátira afiada às convenções do romance moderno. A trama, centrada em um assassino em série que ataca casais no Dia dos Namorados, é o pano de fundo perfeito para explorar a fragilidade dos relacionamentos e a ironia de encontrar o amor em meio ao caos.

A narrativa é ágil, com um ritmo que oscila entre momentos de tensão genuína e alívio cômico bem-vindo. As mortes são criativas e visualmente impactantes, mas nunca gratuitas; elas servem como catalisadores para o desenvolvimento dos personagens e para a progressão da história. No entanto, em alguns momentos, a balança entre os gêneros pende um pouco demais para a comédia, diluindo a sensação de perigo e tornando certas sequências menos impactantes do que poderiam ser. A tentativa de ser excessivamente inteligente no terceiro ato, com algumas reviravoltas que parecem mais uma caixa de seleção de clichês do gênero do que revelações orgânicas, também pode ser um ponto fraco para alguns espectadores mais exigentes.


A Química que Conquista

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O coração pulsante de Heart Eyes reside em seu elenco, especialmente na dupla principal. Olivia Holt, no papel de Ally McCabe, uma designer de pitch recém-desiludida com o amor, entrega uma performance que é ao mesmo tempo vulnerável e resiliente. Sua Ally é uma protagonista com quem o público pode se identificar, e sua jornada de ceticismo ao romance à luta pela sobrevivência é convincente. Mason Gooding, como Jay Simmonds, o consultor de marketing com um charme desajeitado, complementa Holt de forma brilhante. A química entre os dois é inegável, e é essa conexão que vende tanto os aspectos românticos quanto os de terror do roteiro. Eles são charmosos e desajeitados na medida certa, e quando o sangue começa a jorrar, você realmente se importa com o destino deles.

O elenco de apoio também merece destaque. Alex Walker (Patrick), Lauren O’Hara (Adeline) e Latham Gaines (Nico) contribuem para a dinâmica da história. A forma como esses personagens interagem com Ally e Jay, seja como alívio cômico, potenciais vítimas ou até mesmo suspeitos, enriquece o universo do filme e adiciona camadas à trama.


A Estética do Terror Romântico

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Josh Ruben demonstra uma visão clara para Heart Eyes, navegando com maestria entre os tons contrastantes do filme. Sua direção é dinâmica, utilizando ângulos de câmera criativos e uma paleta de cores que oscila entre o vibrante e o sombrio para refletir a dualidade da narrativa. A fotografia, ambientada em uma Seattle melancólica e chuvosa, contribui para a atmosfera, criando um pano de fundo visualmente interessante para os eventos macabros que se desenrolam. A forma como Ruben enquadra as cenas de perseguição e os momentos de intimidade romântica é um testemunho de sua habilidade em manipular as expectativas do público e subverter as convenções do gênero.

Os elementos visuais do assassino, com seus olhos em forma de coração, são icônicos e imediatamente reconhecíveis, adicionando uma camada de horror estilizado que se encaixa perfeitamente na proposta do filme. A trilha sonora também desempenha um papel crucial, com faixas que variam de melodias românticas a batidas pulsantes que aumentam a tensão, complementando a experiência visual e emocional.


O Amor em Tempos de Caos

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Além da superfície de um slasher divertido, Heart Eyes mergulha em temas que ressoam com a experiência contemporânea do amor e dos relacionamentos. O filme satiriza as versões idealizadas e muitas vezes superficiais do romance que são vendidas online e nas mídias sociais. Em um mundo onde o amor é frequentemente curado e filtrado, o assassino de Heart Eyes surge como uma força brutal que expõe a fragilidade dessas construções. Ele força os personagens a confrontar a realidade de seus sentimentos e a lutar por algo mais autêntico do que uma imagem perfeita.

O contraste entre a tradição do Dia dos Namorados, com suas expectativas de romance e perfeição, e a modernidade dos aplicativos de namoro e da cultura da conexão instantânea, é um pano de fundo sutil, mas eficaz. O filme questiona o que realmente significa amar e ser amado em uma era de desilusão e cinismo. A moralidade é testada quando os personagens são forçados a tomar decisões extremas para sobreviver, revelando a verdadeira natureza de seus laços. O poder, tanto o poder do amor quanto o poder da violência, é um elemento constante, moldando as escolhas e os destinos dos envolvidos.


Um Banho de Sangue com Coração

Heart Eyes: Terror à Primeira Vista é um filme que, apesar de suas pequenas imperfeições, entrega o que promete e muito mais. É uma experiência cinematográfica que desafia as expectativas, misturando o terror visceral com a doçura do romance e o sarcasmo da comédia. Josh Ruben demonstra uma compreensão profunda de ambos os gêneros, criando um filme que é ao mesmo tempo assustador, engraçado e, surpreendentemente, comovente. A química entre Olivia Holt e Mason Gooding é o pilar que sustenta a narrativa, tornando seus personagens cativantes e suas lutas, tanto contra o assassino quanto contra seus próprios sentimentos, genuínas.

Embora o filme possa não agradar a todos os puristas do terror ou da comédia romântica, ele certamente encontrará seu público entre aqueles que apreciam uma abordagem fresca e irreverente. É um lembrete de que o cinema pode ser um espaço para experimentação e que, às vezes, as combinações mais improváveis podem resultar nas histórias mais memoráveis. Heart Eyes é um filme para ser assistido com a mente aberta e o coração preparado para uma dose saudável de sustos, risadas e, sim, um pouco de romance.

Nota IMDb: 6.1/10

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