Novocaine (2025): Quando a Dor Não Existe, a Violência Vira Superpoder


Dirigido por Dan Berk e Robert Olsen, Novocaine é uma mistura frenética de ação, humor negro e tragédia pessoal, onde a incapacidade de sentir dor se transforma em arma. O filme acompanha Nathan Caine (Jack Quaid), um bancário introvertido com insensibilidade congênita à dor (CIPA), cuja vida pacata vira um pesadelo sangrento quando sua colega Sherry (Amber Midthunder) é sequestrada durante um assalto. O que começa como uma premissa absurda, um homem que não sente dor virando máquina de combate, ganha camadas de ironia e violência gráfica, equilibrando-se entre o cômico e o brutal. Com sequências de ação inventivas e um protagonista que desafia os arquétipos do gênero, Novocaine é uma experiência intensa, ainda que falhe em aprofundar seu núcleo emocional.


Originalidade e Limitações

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O roteiro de Lars Jacobson brilha na construção de um universo onde a deficiência de Nathan é tanto maldição quanto vantagem. Sua rotina meticulosa (alarmes para urinar, dieta líquida para evitar mordidas na língua) é perturbadoramente engraçada, mas também humaniza um personagem que poderia ser caricato. A transformação de Nathan de “underdog” patético a vingador implacável é o ponto alto, especialmente em cenas como a luta na cozinha do restaurante, onde ele pega uma arma dentro de uma fritadeira sem reagir ao calor.

No entanto, a trama peca na construção do romance entre Nathan e Sherry. A química entre Quaid e Midthunder é mais funcional do que cativante, e o clichê da “mulher raptada como motivação” não é subvertido com suficiente força. A revelação de que Sherry é cúmplice do irmão criminoso (Ray Nicholson) chega tarde e não impacta tanto quanto deveria, tornando o arco emocional do protagonista um tanto superficial.


Quaid Rouba a Cena

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No elenco, Jack Quaid como Nathan Caine entrega uma performance física e comicamente precisa. Seu Nathan é desengonçado, mas determinado, e a ausência de reação à dor é usada com inteligência, como quando ele leva um soco e, em vez de cair, apenas pisca confuso. Sua expressão vazia durante as cenas de tortura é perturbadoramente engraçada, um equilíbrio difícil de alcançar.

Amber Midthunder (Sherry) até tem presença, mas o roteiro a reduz a um objeto de desejo e depois a uma vilã relutante. Sua atuação salva alguns diálogos fracos, especialmente no confronto final, onde sua ambiguidade moral poderia ter sido melhor explorada.

Ray Nicholson interpreta Simon, um antagonista eficaz, que mistura charme e psicopatia. Sua dinâmica com Sherry adiciona tensão, mas o filme não aprofunda sua crueldade além do esperado.

Jacob Batalon é Roscoe, o alívio cômico do filme. Batalon rouba cenas como o amigo gamer que acaba arrastado para o caos. Sua química com Quaid é natural e divertida.


Sangue, Suor e Referências

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Berk e Olsen claramente se inspiram em franquias como Duro de matar e Máquina Mortífera, mas trazem um toque de humor grotesco que lembra Kick-Ass. A fotografia, usa cores saturadas para contrastar com a violência, como no assalto ao banco, onde os trajes de Papai Noel dos ladrões criam uma ironia macabra.

Os diretores também inovam nas cenas de ação. Nathan não é um lutador habilidoso, ele apanha, tropeça e sobrevive por pura resistência. A cena da ambulância, com o veículo girando em um eixo enquanto Nate e Simon lutam, é um destaque técnico, mesclando efeitos práticos e CGI de forma orgânica .


Deficiência como Poder, Moralidade Flexível

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Novocaine questiona o que é “normalidade” ao transformar uma condição debilitante em vantagem. Nathan passa a vida se protegendo, mas é justamente sua fragilidade invisível que o torna letal. O filme também brinca com a moralidade: Sherry é cúmplice e Nate vira assassino, não há heróis ou vilões claros, apenas pessoas usando suas fraquezas como armas.


Uma Injeção de Adrenalina com Efeitos Colaterais


Novocaine não é perfeito, seu romance é fraco e o terceiro ato acelera demais, mas, é uma aventura original e violentamente divertida. Jack Quaid carrega o filme com charme desajeitado, e a direção mantém um ritmo alucinante. Para fãs de ação ultraviolenta com pitadas de humor ácido, vale a pena.

Nota IMDb: 7.2/10

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