O Começo Inesperado: 10 Franquias Gigantes que Nasceram de Filmes Totalmente Diferentes


Imagine uma árvore majestosa, com raízes profundas e galhos que se estendem para o horizonte. Agora imagine que a semente que a originou não era uma robusta bolota, mas sim uma singela e delicada flor de campo. No universo do cinema, essa metáfora é mais comum do que você pensa. Por trás de franquias bilionárias, cheias de superproduções, brinquedos e parques temáticos, muitas vezes existe um filme original modesto, experimental ou com um espírito radicalmente diverso daquilo que viria a se tornar. Estamos falando daquelas produções que, revisitadas hoje, parecem pertencer a um universo paralelo. Prepare-se para uma viagem no tempo e na memória, porque hoje vamos desvendar a origem inusitada de dez franquias colossais, onde o primeiro capítulo é uma peça de um quebra-cabeça que ninguém sabia que estava montando.


1. Mad Max (1979)

Mad-Max

Diretor: George Miller

Em um futuro próximo e distópico, a civilização à beira do colapso vê o policial da estrada Max Rockatansky perder tudo para uma gangue de motociclistas selvagens, iniciando sua jornada de vingança solitária nas estradas da Austrália.

Destaque: O tom cru, quase documental, e o orçamento apertadíssimo. Diferente da escala épica e mitológica de Estrada da Fúria, aqui a violência é suja, pessoal e profundamente trágica. A paisagem árida australiana é uma personagem tão importante quanto Max.

Nota IMDb: 6.8/10


2. Rambo: Programado para Matar (1982)

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Diretor: Ted Kotcheff

John Rambo, um veterano do Vietnã com profundas cicatrizes psicológicas, passa por uma pequena cidade e é brutalmente assediado pelo xerife local. Sua luta não é por uma missão global, mas pela própria sobrevivência e dignidade.

Destaque: O filme é um drama psicológico e uma crítica social sobre o abandono dos veteranos de guerra. Sylvester Stallone interpreta um homem frágil, à beira das lágrimas, um contraste gritante com o super-soldado praticamente indestrutível que o personagem se tornaria.

Nota IMDb: 7.7/10


3. Jurassic Park (1993)

Jurassic-Park

Diretor: Steven Spielberg

Um parque temático com dinossauros clonados vira um pesadelo quando os sistemas de segurança falham e as criaturas pré-históricas começam a caçar os visitantes.

Destaque: O tom de aventura maravilhosa que rapidamente se transforma em terror genuíno. A franquia evoluiu para filmes de ação com dinossauros como “armas” ou “soldados”. O original, no entanto, é um thriller de horror tecnológico, onde o espanto científico dá lugar ao puro e simples medo de ser devorado. A cena do T-Rex no carro na chuva é aula de suspense.

Nota IMDb: 8.2/10


4. Jogos Mortais (Saw) (2004)

Jogos-Mortais

Diretores: James Wan

Dois homens acordam acorrentados em um banheiro imundo, com uma tarefa macabra: um deve matar o outro para sobreviver, sob a observação do enigmático serial killer Jigsaw.

Destaque: O foco no suspense psicológico e no dilema moral é muito maior do que no gore explícito. É um thriller policial claustrofóbico, com elementos de mistério, que se afasta radicalmente da sequência de armadilhas cada vez mais elaboradas e sanguinolentas que definiram a franquia.

Nota IMDb: 7.6/10


5. Velozes e Furiosos (2001)

Velozes-e-Furiosos

Diretor: Rob Cohen

Um policial disfarçado infiltra-se no mundo das corridas de rua ilegais em Los Angeles para investigar uma série de roubos a caminhões.

Destaque: O filme é essencialmente um policial noir sobre subculturas urbanas, com um pé no realismo do “tuning” e das apostas. É um drama de irmandade e traição, muito distante dos filmes de espionagem global e ação sobre-humana que a franquia se tornou, com carros saltando entre arranha-céus.

Nota IMDb: 6.8/10


6. O Exterminador do Futuro (1984)

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Diretor: James Cameron

Um ciborgue assassino é enviado do futuro para matar Sarah Connor, uma mulher comum cujo filho ainda não nascido será crucial para a resistência humana contra as máquinas.

Destaque: O filme é, em sua essência, um slasher de ficção científica. O Exterminador T-800 (Arnold Schwarzenegger) é uma força imutável e assustadora, um vilão puro. A transformação do personagem em herói e figura paternal nas sequências mudou completamente a dinâmica e o coração da franquia.

Nota IMDb: 8.1/10


7. Sexta-Feira 13 (1980)

sexta-feira-13

Diretor: Sean S. Cunningham

Anos após o afogamento de um menino no acampamento Crystal Lake, o local reabre, apenas para que seus monitores comecem a ser brutalmente assassinados, um por um, por um assassino misterioso.

Destaque: O maior twist da história do slasher. O assassino no filme original NÃO é Jason Voorhees. A vilã é sua mãe, Pamela Voorhees (Betsy Palmer), enlouquecida pela negligência que levou à morte do filho. Jason, lenda central da franquia, só aparece em uma aparição de sonho no final. O ícone mascarado e silencioso que conhecemos surge apenas no segundo filme, numa reinvenção total que redirecionou toda a série. É um caso único onde o antagonista que define a franquia é praticamente ausente em sua origem.

Nota IMDb: 6.4/10


8. Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra (2003)

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Diretor: Gore Verbinski

O excêntrico pirata Jack Sparrow une forças com o ferreiro Will Turner para resgatar a filha do governador, Elizabeth Swann, de piratas amaldiçoados que se transformam em esqueletos sob a luz da lua.

Destaque: O filme equilibra aventura, humor e uma pitada de terror sobrenatural com maestria. Jack Sparrow (Johnny Depp) é excêntrico, mas ainda um pirata dentro de uma trama coesa. As sequências transformaram a série em uma saga mitológica cada vez mais complexa (e por vezes confusa), focada em deuses e tridentes, afastando-se do charme “espada e mosquete” do original.

Nota IMDb: 8.1/10


9. Planeta dos Macacos (1968)

Planeta-dos-Macacos

Diretor: Franklin J. Schaffner

Astronautas viajam no tempo e caem em um planeta onde macacos inteligentes são a espécie dominante e humanos são animais selvagens e primitivos.

Destaque: O filme é uma sátira filosófica e social profunda, com um twist final icônico. Seu impacto vem da alegoria, não da ação. Os filmes modernos (a partir dos anos 2010), embora excelentes, são narrativas épicas de guerra e revolução, com foco em efeitos visuais espetaculares e uma mitologia de origem muito mais detalhada da franquia.

Nota IMDb: 8.0/10


10. Toy Story (1995)

Toy-Story

Diretor: John Lasseter

O brinquedo cowboy Woody vê seu posto de favorito do garoto Andy ameaçado pela chegada do moderno astronauta Buzz Lightyear, levando a uma rivalidade que os coloca em uma grande aventura fora de casa.

Destaque: A revolução estava na técnica (o primeiro longa totalmente em CGI), mas o coração era uma comédia simples e emocionante sobre ciúmes e amizade, ambientada quase inteiramente no quarto de um menino e nos arredores de sua casa. A franquia evoluiu para explorar questões existenciais profundas sobre propósito, abandono e o ciclo da vida, com cenários cada vez mais amplos e complexos.

Nota IMDb: 8.3/10


A Semente do Gigante: Quando a Origem Conta uma História à Parte

Revisitar esses filmes originais é como encontrar diários antigos de um amigo famoso. Há uma pureza, uma intenção focalizada e, muitas vezes, uma ousadia que os grandes orçamentos e as expectativas globais das sequências podem suavizar. Eles não nasceram para serem impérios; nasceram para contar uma boa história. Essa diferença de tom e escala não é um defeito — é a prova viva de como uma narrativa bem contada, com personagens cativantes, possui um potencial infinito e imprevisível.

Essas origens humildes ou radicalmente diferentes nos lembram que o cinema, antes de ser uma indústria, é um terreno para ideias. Uma pequena semente de terror psicológico pode gerar uma floresta de gore; um drama íntimo sobre um veterano pode se transformar num hino ao heroísmo explosivo. E, no caso mais emblemático de todos, um assassino que nem sequer é o vilão do primeiro filme pode se tornar um dos ícones mais reconhecíveis do horror mundial. Essas transformações refletem não apenas o sucesso, mas a adaptação ao desejo do público, que muitas vezes quer mais do mesmo, mas em doses cada vez maiores.

E aí, qual a lição que fica? Talvez a de que devemos valorizar aquela primeira ideia, aquele risco inicial, pois é nele que reside a alma de tudo que vem depois. E também nos convida a repensar: o que consideramos “fiel” a uma franquia? A sua estética final ou o seu espírito pioneiro?

E você, qual dessas origens inesperadas mais te surpreendeu? O fato de Jason Voorhees não ser o assassino original é a maior reviravolta dessa lista? Conta pra gente nos comentários!

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